Criola, uma das muralistas mais proeminentes e engajadas socialmente, foi escolhida para criar uma obra de arte no Miami Design District (MDD) em 2022. Sua habilidade de transcender fronteiras culturais e abordar questões profundas relacionadas ao protagonismo das mulheres negras tornou-se evidente em seu trabalho, especialmente no aclamado “Portal Interdimensional”, agora em exibição no MDD.
O poder afro na arte de Criola
Ao explorar suas raízes afro-brasileiras, Criola mergulha no protagonismo das mulheres negras e em sua influência global. Seu trabalho mais conhecido, “Portal Interdimensional”, ilustra o coração do Miami Design District. Com suas cores vibrantes e estampas arrojadas, o mural é uma exibição visual eletrizante encomendada por Karen Grimson, Diretora de Programação Cultural do MDD.
Em uma entrevista à revista Lifestyle, Criola compartilha o significado simbólico por trás da oportunidade de criar um mural em Miami: “Para mim, a possibilidade de ter um mural em Miami é simbólica. Sinto que estou ultrapassando fronteiras imaginárias construídas pela lógica colonialista que exerce dominações e divisões reais.”
As palavras ressoam como um eco do compromisso de Criola em desafiar narrativas históricas que marginalizaram – e continuam marginalizando – comunidades afrodescendentes.
Do Brasil para o mundo
Antes de conquistar Miami, Criola já deixou sua marca em murais em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Paris. No entanto, é notável que seu trabalho em Miami Design District seja apenas o segundo mural público nos Estados Unidos, sucedendo “Black Girl Magic”, criado em Las Vegas em 2021.
Em “Portal Interdimensional” Criola retrata ancestrais afro-brasileiros em rituais, acessando a sabedoria da floresta para propósitos medicinais e transcendendo limites de conhecimento.
Karen Grimson, Diretora de Programação Cultural do MDD, ressalta a rica história de representação de figuras femininas negras na arte brasileira, desde Candido Portinari e Tarsila do Amaral até Dalton Paula e Rosana Paulino. “O trabalho de Criola não apenas constrói sobre esse legado, mas também desafia os limites das possibilidades de autodeterminação das mulheres negras, confrontando assim o racismo sistêmico”, declara Karen.
Um grito social e político
A exibição do mural em um significativo espaço público de Miami para representar rituais pré-coloniais é reconhecida por Grimson como um gesto político. Este gesto não passará despercebido, ecoando alto nas diversas comunidades que compõem Miami, uma cidade intrinsecamente “Crioula”, graças à diversidade cultural predominantemente latina.
O mural de Criola não é apenas uma adição visual impressionante, é uma declaração artística que ressoa por suas raízes culturais, desafiando convenções e destacando a importância da diversidade.