Nas comparações entre Estados Unidos e Brasil, uma das características positivas mais comuns nos EUA é a questão da segurança. Aqui as leis funcionam, os índices de furto, roubo e corrupção são mínimos se comparados ao Brasil, e, na maioria dos lugares, é possível andar nas ruas sem a tensão e o medo de não voltar vivo para casa. Mas como tudo tem um lado positivo e um negativo, nos Estados Unidos as incidências de catástrofes naturais são infinitamente maiores. Não é preciso voltar tanto no tempo para lembrar do furacão Matthew, em outubro de 2016, que depois de varrer as Bahamas, atingiu a Flórida, a Geórgia e a Carolina do Norte com ventos de 185 km/h; ou ainda, mais recentemente, do Harvey, que atingiu em agosto passado a cidade de Houston, no Texas, deixando uma inundação sem precedentes.
![](https://jomiflorida.files.wordpress.com/2017/09/furacao-irma-03.png)
Poucos dias atrás vivenciamos os impactos causados pelo furacão Irma, que chegou a atingir a categoria 5 (a mais alta na escala Saffir-Simpson) e causou estragos em Cuba e em várias ilhas do Caribe, como Saint Martin, nas Ilhas Virgens americanas e britânicas, no arquipélago de Anguilla, em Porto Rico e em Barbuda.
Embora o pior já tenha passado aqui no sul da Flórida, a ideia deste post é lançar um alerta diante dos desastres naturais e mostrar como os residentes se previnem diante de uma catástrofe dessa magnitude e como estão retomando a vida normal depois da passagem do furacão.
Antes do furacão: prevenção
Felizmente – e muito disso devemos à tecnologia! – a população fica sabendo da chegada do furacão dias antes, o que nos permite tempo suficiente para tomar as medidas necessárias, como garantir água, alimentos, gasolina, proteger a residência ou evacuar para outras áreas, se for o caso.
Sendo Miami uma das áreas mais prováveis de serem atingidas, e com Fort Lauderdale a menos de 50 km de distância da metrópole, a nossa área também era de grande risco. O grande problema de um furacão, principalmente em cidades litorâneas, é o risco de inundação por conta das fortes tempestades e da água do oceano. Cientes disso, montamos uma operação para proteger a nossa residência colocando madeira em todas as janelas e portas e garantindo água e mantimentos. Estávamos preparados com água e comida para uma semana, e confiantes de que, se a reclusão fosse necessária por mais tempo, o governo daria um respaldo à população (como foi feito na passagem do furacão Wilma em 2005).
![](https://jomiflorida.files.wordpress.com/2017/09/8539fdc8-54d0-4dd3-a41c-af37e2a4bbcc.jpg)
Nesses tempos de informações em alta velocidade, os alertas vinham através de todos os canais. Optamos por receber informações oficiais do governo pela mídia, mas para ter informações locais e mais próximas, usamos um grupo de brasileiros no WhatsApp. Os alertas do governo serviram principalmente para nos acalmar e passar confiança. Apesar de sabermos dos estragos que um furacão dessa escala poderia trazer, a segurança passada pelo governador Rick Scott nos deixou tranquilos e confiantes de que tudo ficaria bem e que, caso fosse necessário, a ajuda viria.
Mas a ajuda prática realmente veio da comunidade de brasileiros. Sempre que alguém postava uma pergunta no WhatsApp, era prontamente respondido. As pessoas ajudavam umas as outras a conseguirem gasolina, abrigo, mantimentos, a protegerem a casa – foi uma verdadeira corrente de solidariedade!
Durante o furacão
Em nenhum momento faltou energia na região, o que nos ajudou a acompanhar pela TV e pela internet a chegada da tempestade. Os ventos foram muito fortes durante o domingo, o barulho chegava a ser realmente assustador, mas por volta das 18:00 do mesmo dia o vento forte já havia cessado e a chuva diminuído.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=LWVi0Mvk-I0]
Informações básicas
- Esteja sempre alerta às orientações dadas pelas autoridades.
- Obedeça ao toque de recolher.
- Proteja a sua residência para impedir ou minimizar os estragos causados pela tempestade e pela força do vento.
- Compre mantimentos (água, enlatados, biscoitos e alimentos não perecíveis em geral), pilhas, baterias e lanternas.
- Mantenha o kit de primeiros socorros sempre próximo, bem como remédios prescritos para alguém da família.
- Em um saco plástico, de preferência que possa ser vedado, guarde documentos importantes e dinheiro.
- Se as autoridades determinarem evacuação, com calma e segurança, tente sair da cidade o mais breve possível.
- Procure um abrigo, se precisar: http://www.floridadisaster.org/shelters/summary.aspx
Voltando à rotina depois do furacão
Embora com alguns pontos inundados, graças à excelente estrutura da cidade e do empenho dos moradores, Fort Lauderdale já está de volta à normalidade. Nos dias seguintes ao furacão, já era possível ver as árvores sendo retiradas das ruas, a população auxiliando na limpeza, famílias que saíram de suas casas voltando, vizinhos se ajudando. As crianças se preparam para voltar à escola na próxima semana, à medida em que a energia vai voltando em alguns pontos, as pessoas voltam aos seus trabalhos, os eventos planejados começam a seguir sua programação normal. Agora, os reparos necessários estão sendo finalizados, e ainda que o Irma seja uma triste e assustadora lembrança, a vida volta a seguir o seu curso.
Nota: Este relato é baseado em Fort Lauderdale. Sabemos que na região dos Keys, nas ilhas caribenhas e em Cuba a devastação foi infinitamente maior, e certamente será preciso mais tempo para que alguns lugares sejam reerguidos e a vida normal dos seus moradores seja retomada. A ideia desse relato não é comparar estragos, e sim passar a visão de alguém que vivenciou cada etapa da experiência de um furacão.